E então eu vejo sua imagem, perfeitamente nítida como poucos rostos guardados no fundo da minha alma. Talvez ela seja a mais nítida de todas; a mais perfeita, plana, posicionada de forma a fazer com que a luz realce os contornos do rosto que sorri maliciosamente para mim. Não só para mim. A sua imagem olha para os lados mais diversos, encara os horizontes infindáveis de todos os destinos possíveis. A sua imagem perde-se no céu, perscruta a terra, analisa os mares. Ela está virada em várias direções, não só na minha. Por um momento, eu sinto a sua falta. Seus olhos viajantes jamais encontrarão os meus por muito tempo; eles virão, pousarão no porto seguro que lhes ofereço, mesmo com minhas ondas inconstantes e estações tempestuosas, e deitarão ali enquanto o prazer lhe for conveniente, aquele tipo de prazer que só sua amante poderia lhe proporcionar. Eles não discutirão temas vastos, não lerão meus pensamentos mais profundos, não irão se deter por muito tempo. O mundo lhe chama, este mundo para o qual você, na imagem, olha incessantemente. O mundo lhe chama e eu sou só uma parte dele.
Um texto cheio de misteriosos laços sentimentais. Quem dera eu tivesse o poder de ler entre as palavras, no entanto me contento com a percepção; algo intuitivo.
ResponderExcluirAté
Definitivamente, de seus textos esse foi o que mais gostei. Fala tudo que é preciso dizer em apenas um parágrafo, sem aquele gostinho de "quero mais", pois há um fim definitivo, assim como seu início e meio - quisera eu ter essa objetividade.
ResponderExcluirMeus parabéns!
P.S. Com exceção de Imagem, Aos Sentimentos Mortos e (talvez) Perdão, seus textos, embora bem escritos, parecem-me pouco convicentes.
belo texto.
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