domingo, 12 de dezembro de 2010

Perdão

Se apenas em ti encontro a felicidade, como poderia deixar de perdoar-te? Não seria tolo desperdiçar uma vida ao teu lado apenas pelas feridas que tu me desferiste, como se a dormência do tempo fosse superior àquelas que talvez sofrerei novamente ao perdoar-te? Não estaria então ganhando o prazer que tanto almejo, aquele que nasce a teu lado, assim como o divino direito mais irreal de apagar os borrões de nossas histórias? Não estaria poupando-te da culpa, concedendo-te alívio? Não me regozijaria apenas, mas também perpetuaria tal alegria a outrem, e principalmente, àquele que mais me importa?Não, não é supremo o meu perdão;ele não é de todo altruísta, pelo contrário, há unicamente por mim. Porque somente saciarei meu espírito se ele encontrar-se no teu; apenas esquecerei teus erros por necessitar desta cegueira; apenas voltarei a teu lado por amor à minha existência; apenas darei tal clemência por não resistir à tua falta.
            Mas apenas se me cativas, e cativas além de minha própria pessoa. Pois a ela, a maior vítima de tuas chacinas, eu devo toda a existência anterior a ti; e cuidas para que eu não sinta novamente a alegria daqueles tempos, para que eu não vislumbre os passos perfeitos de outrora.
            Talvez,se isto acontece, eu esqueço a tua falta,a tua dor, e a guardo em algum lugar obscuro demais para ser encontrada. Talvez, se isto acontece, eu caio de amores por outro alguém. Alguém que estará imutavelmente por perto, não importa o quanto perdida ou machucada, que sempre será forte mesmo após caminhar pelo vale das sombras mais negras, e ao mesmo tempo leve, sorridente e bela. Esta pessoa eu posso amar mais do que a ti, e aí estaria tua ruína: esta pessoa sou eu”.

Um comentário:

  1. Um ótimo texto e muito bem formulado.
    sigo teu blog e já o coloco em meus favoritos!
    grande abraço

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